6 de nov. de 2007

Álbum Novo

Infinita tristeza eu poderia sentir se a caixa grande não parasse mais nos andares ímpares. A vida passaria a preto e branco num cair de pingo de chuva em noite de domingo aterrorizado pelos programas de TV. De um lado e do outro, ao avesso ou à vitrine, qualquer um saberia localizar a flecha. De fato, eu me sinto um alvo móvel, uma presa indefesa com codinome de desenho [des]animado. Preso pela força da fragilidade, irradiante nas horas vagas e assíduo nas noites de insônia. Ironicamente, roubo frases de caminhão para rechear de clichês o cotidiano. O fascínio pela megalomania reverbera pelos ares, serve apenas para acalentar sonhos. Quando se pensa grande, os ventos mais fortes sopram ao nosso favor para manter a proporção. A vida deve ser um roteiro inacabado(e muito mal pago, por sinal). Quando a gente se dá conta que é o protagonista, entende porque os coadjuvantes são tão importantes para o andar da estória. Não há ensaio ou corte, daí os erros. Então acordo num videoclipe com o fone de ouvido no máximo para não ouvir o falatório dentro do coletivo. Quem vê a cara de paisagem não sabe onde o pensamento está. Estou concentrado no presente, antigas fotos não mais existem. Cuido das novas como se fossem as últimas.