26 de abr. de 2012
Bem-vindo a EgoCity
Tem uma pessoa me esperando lá fora, alguém que não pode
esperar.
Fico orgulhoso em ver meu tênis se desgastar antes do
previsto. Porque ficar em casa com a boca escancarada cheia de dentes esperando
a morte chegar não é um dos meus objetivos cotidianos.
A rua é a vida, o quarto é o recolhimento.
Não quero passar agosto esperando setembro decidir meus
passos com datas marcadas com outras pessoas, programas em que eu preferi me
atrasar.
Exatamente porque não sou nenhum deles, não usamos o mesmos
chips, não temos as mesmas senhas, muito menos as mesmas contas, cada um que
pague a minha quando aumentar um ponto na audiência da novela.
Se for assim, quero que o meu dinheiro dê voltas. Muito mais
do que o cabo da TV possa dar ao passo do seriado da monotonia, onde todos os
personagens se sentam em frente a si mesmos na hora do jantar.
Um programa de viagens anuncia: Bem-vindo a EgoCity.
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