22 de mar. de 2011

Estaca Zero

Posso estar completamente perdido
Posso dizer coisas sem sentido
Posso ter parado no meio da estrada
Posso tudo e não posso nada

17 de mar. de 2011

Swallow [A Andorinha de Batom Vermelho]


Eu vi você chegar de mansinho. Tinha a imagem camuflada e a identidade escondida na imensidão textual do blog. Nem de longe parecia uma menina com o olhar perdido. Trazia consigo a firmeza do passo de um soldado raso no dia da primogênita condecoração.

Quis ver de perto o que já havia se definido instantaneamente a partir da primeira troca de palavras. 

Não experimento sapatos porque confio na pontuação de meus olhos.

Beijei seu olho e suas tatuagens feitas à mão com lápis de hidrocor. Respirei a sua fumaça, puxei o seu cabelo, encarei a sua inquietação. Sorri do constrangimento provocado pelas demonstrações públicas de carinho. Sorri. Só ri. Um riso contido no canto do rosto.

Liguei, deixei recado, improvisei bilhete, peguei carona, comprei chocolate caseiro com moedas de dez e cinco centavos, esperei sentado, tirei seus tênis, apresentei a varanda dos pensamentos longínquos. 

Tornei-me uma alma perdida no limbo, que, de tanto bater na porta do paraíso, foi obrigada a inventar a sua própria salvação.

1 de mar. de 2011

O de sempre

Alguns rabiscos pelo corpo e outras tantas inscrições cravejadas em papéis perdidos no tempo. Lembretes que se perderam de seu sentido original, mas que mantiveram vivas as premissas de suas conversas fiadas.

O mundo parece mudar lá fora. Aparece. E parece mudar de tantas as formas os ângulos das vistas sem pontos. Enquanto isso, novas memórias apresentam antigas reclamações. Nenhum sinal de que a natureza humana realmente mudou, embora isso não represente nenhum êxito existencialista.

Revisionismo crônico. O esforço da desambiguação dos termos que perderam sentido, mas que continuam a exalar o mesmo cheiro. Olhe lá, mal saíram de suas funções arquetípicas inacabadas.

Os modelos ainda prevalecem. Os sonhos ainda são os mesmos.

Fantasia