16 de nov. de 2007

Cem Olhos

Já que não me convidaram para a festa, eu pretendo me travestir de intelectual bem-sucedido socialmente para ter acesso. Em áreas restritas, somente os bem conceituados (ou pelo menos aparentemente assim reconhecidos) gozam de liberdade para contar causos de bebedeiras ou falar daquela música do Chico, regravada pela fulaninha para levantar a bola do álbum novo. Tudo bem, sonoramente o Buarque não me atrai, talvez eles entendam isso como uma falta de absurdo, uma afronta à memória da música brasileira, que costuma manter o círculo fechado em meia dúzia de nomes admitidos como geniais. Deixemos à vontade o meu Complexo de Argus para alimentar os infinitos olhos que guardo nestes dois, apesar de um deles parecer mesmo com um monstro mitológico por conta do sinal de nascença. Fico espiando. Quanto mais vejo, menos falo sério. Entro para a lista dos menos tocados se a ironia passa despercebida e me contorço de felicidade (só por dentro, numa efusividade invisível) quando sou levado à sério instantaneamente. Não precisa conhecer muito, espere algum boçal-novo espelhar contentamento para, enfim, você aprovar com segurança. Desespero não é só rir de tudo.