14 de jan. de 2009

Humano à Deriva

Ainda tem gente que não sabe o que veio fazer aqui. Fica por aí zanzando de um lado para outro como uma alma penada. É daquele tipo que aperta várias mãos numa noitada e se apaixona a cada novo par de pernas roliças que se aproxima. Embora aparente tranqüilidade, costuma experimentar doses cavalares de vazio e angústia antes de pregar os olhos no travesseiro. Quando o perguntam sobre sua vida amorosa, prefere dizer que anda muito bem sem ninguém. Exala auto-suficiência. O limite é o chão. É pouco capaz de distinguir seus desejos daqueles explorados pelo comercial de TV. Vive os lucros sociais que está na origem da desigualdade entre os demais como se não houvesse constrangimento estrutural algum. Acredita que “vencer” na vida é comprar um mais possante e que cabelo bonito só é possível se for liso. Tem o hábito de depositar fé na razão humana e sandices do discurso científico. Enfim, é um típico humano à deriva. E haja reforço para resgatar tanta gente.