25 de out. de 2007

O Sonho

O barulho era tamanho que não conseguia distinguir minha própria voz naquele ambiente. De repente, lembro de gritar bem forte, o máximo alcançável, nem por isso obtinha sucesso. O sufoco forçava o corpo todo a se envolver, também a se debater contra a parede. Nem mesmo um leve instante de calmaria mudava a situação. De uma porta a outra não se ouvia um som que levasse incômodo ao resto da casa. Isso só vinha a somar desespero. Nenhuma pancada mais forte, nenhum alarde solicitando ajuda. Eu fazia um enorme esforço para entender o que se passava. No mínimo, queria saber a origem de tamanha força sobrenatural. Depois de um longo período de tortura, não acreditava mais sobreviver. Não tinha nada de filminho na cabeça. Simplesmente não conseguia pensar em nada, apenas em escapar. Logo acordei com a cara enterrada no braço direito, como quem se escora num poste para chorar. O suor tinha tomado o corpo inteiro, suspirei aliviado em abrir os olhos e, depois de um tempo, notar o meu quarto. Era a minha cama, o meu lençol, o meu palhaço pendurado no armador... Não seria o primeiro sonho cujo vilão era o chifrudo-fedorento-a-enxofre em missão de morte. A minha avó diz que é porque eu não rezo. Mas eu tenho medo de seguir a sua orientação e sonhar com coisa pior.