1 de mai. de 2008

De Fininho

Foi como se nada tivesse acontecido. Parei. Olhei pro tempo como quem simula preocupação. Fiz tudo o que a cena exigia para que eu pudesse sair ileso, embora seja pouco provável que alguém não tenha memorizado minha fisionomia. Exatamente num desses cantinhos em que o cérebro associa rostos a fatos torpes. Até sentia uma vontade absurda de gritar, mas isso só poderia atrair algo que naquele momento era o que eu menos queria: atenção. Posso imaginar um corno em sua perfeita harmonia com o mundo. Isso porque ele não sabe de nada, isto é, nunca enxergou nenhuma situação que pudesse comprovar tal privilégio. Não precisava os dois, foi necessário apenas um. Um mísero olho e aquelas pessoas me viram naquele estado. Hoje em dia é tão fácil resolver pequenas situações via celular, só basta ter crédito. É fato, poucos o têm. São como bruxas que saem nas madrugadas para dar um passeio de vassoura: não acredito em créditos, mas sempre tem aqueles que já viram. Coisa fina. Rara. Algo como pessoas que riem do “Zorra Total”. Já que eu não tinha crédito, resolvi sair de fininho. Foi como se nada tivesse acontecido.