9 de set. de 2007

Em Memória aos Detalhes

Eu sempre tenho alguma coisa a dizer. Falo a quem nem ouve com vigor. Ou porque chegou cansado do trabalho e só quer pegar o seu prato para comer em frente à novela, ou porque nunca teve o hábito de ouvir mesmo. A pessoa vai concordando e então ficamos sem um real diálogo. Não responder é um tipo de resposta a quem admite fracasso de contato. A minha professora fala pelos ares do tal do “feed-back”. “Explica o que acontece com “inside” da gente, teacher?”. Ela até tenta. Enquanto isso eu vou ao banheiro bem devagar. Fico tentando sentir o gosto que a água não tem, só pra ver se o tempo passa logo. Ponho-me a pensar como uma coisa tão simples possa ser tão desvalorizada. É que eu não me acostumo, mas os detalhes estão fadados ao fracasso. Ser ouvido é ser acolhido, é também ser olhado. É sincronizar os olhos para ouvir melhor. Ouvir é como abraçar, o afago vem com o conforto da atenção.