12 de dez. de 2008

Pode Acreditar

Um traço marcante da Nova Ordem é a cumplicidade nos relacionamentos amorosos instantâneos. Veja bem, cumplicidade. Por isso mesmo, deduz-se que homens e mulheres compartilham de semelhante ideal individualista. Antes das declarações de amor, da troca de telefones e filhos existe uma grande força apaziguadora chamada “Eu”. “Eu” é mais importante que o futuro, os negócios, a crise financeira ou o gol de calcanhar do Obina na final do campeonato carioca. Portanto, esqueça de vez aquele velho farto histórico-estigmatizante carregado pelo homem ao longo de sua trajetória sexual e afetiva. Da melancolia apelativa das páginas de orkut à falsa euforia do msn, dos rompimentos às noites mal dormidas, da aposta ao prêmio, do encanto à realidade, dos erros de raciocínio à mensagem de celular nas madrugadas. Quando a moral e os valores mudam, antigas reivindicações perdem o sentido. Pois não é que ainda tem mulher que insiste em se fazer de vítima?

7 de dez. de 2008

Eu Bem Sei

A letra da música poderia mudar o refrão, a respiração poderia mudar de ritmo. Sem teu corpo o meu fica nu, sem tua presença meus passos não deixam pegadas. É como se eu andasse o suficiente para ir e não chegar. Nenhum lugar me traz sossego. Eu bem sei quantos olhares perdi no vazio na impressão de ter te visto passar com a mochila e os coelhinhos. Interrompem a minha freqüência perguntando pelo sinal. Respondo curtinho que a herança vem do parto. Uns param pra olhar de perto, outros sentem saudade. Sobre este ofício, eu bem sei.