17 de mar. de 2009

Pra Que Essa Boca Tão Grande?

Hey, doctor Freud, o que me diz desta garotinha que carrega a cesta pela floresta? Ela se mostra desprotegida, ingênua e ao mesmo tempo corajosa. O conto parece alertar crianças aos perigos de se falar com estranhos pela rua. Olha só, a mamãe pediu para não dar ouvidos a ninguém. Mesmo assim ela dá trela ao velho nativo de aspecto rude. Ela parece uma criança. Tenho a impressão de que este enredo não é lá muito distante de meus arquivos da memória. Um animal de aspecto nada amistoso (lobo), uma informação errada presumindo a ingenuidade da mocinha e uma conversa cheia de duplos sentidos. É, eu acho que já vi esta cena em algum lugar. O senhor sabe do que eu estou falando, não é doctor? A garota de chapeuzinho vermelho está se fingindo de inocente só para deixá-lo com boca cheia d'água. Uma história recorrente ao universo do inconsciente da conquista, onde o homem é visto como um predador e a mocinha como uma criança inocente pronta a ser abordada. Não, doctor, eu não estou entorpecido. Mas é que o discurso ainda é freqüente. “Eu não admito a idéia de uma mulher ter que ir até o homem. Isso é papel dele”, comenta sempre uma amiga da vizinha da minha prima. E não é que muitas compartilham desta convicção, contribuindo para o enraizamento da problemática, embora muitas outras reclamem justamente de posteriores variáveis que se desenrolam a partir dessa. Ah, maldita contradição humana! Deve ser por isso que reproduzem as atitudes com tanta facilidade, não é doctor? E eu pensando que desenho animado era pra distrair criança.

Um comentário:

  1. Bem, eu sempre sei ir em frente à um lobo mau. Acho que tenho mais dele do que das donzelas em perigo.

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