7 de set. de 2008

O Grande Bem



Falei um monte de coisas dispensáveis. Mais interessante seria ter observado as palavras não pronunciadas, aquelas que todo bom leitor de formas idiossincráticas sabe constatar. Enfim, um dia chegarei lá. Posso afirmar em cadeia nacional que amadureci. Ora, experiência não é passar a vida inteira desenhando os mesmos passos sem deixar pegadas. Não adianta ficar pensando que escrever às quatro horas da manhã vai curar alguma dor, embora ajude muito a combater o drama da solidão. Faço das palavras minha companhia. Chegam de fininho, desordenadas, como as placas dos carros perto do shopping. A impressão é que a qualquer momento pode vir uma três-quatro-onze. Do lado de cá, do lado de lá. De que lado você samba? De que lado eu posso estar? Amanheço como uma caixa de pizza do fim de domingo depois da missa. Tenho levantado assim para trabalhar. Vou. Volto. Tudo tão automático. Eu adorava quando o telefone tocava e as carinhas se beijavam. Hoje, qualquer vibração reverbera lá no estômago. Aliás, só sei da existência dele por conta das dores, de resto nem sei quando a comida vai voltar a ter gosto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

vomitadas