12 de set. de 2008

Buzina


Estou aqui sentado de frente pra essa parede vermelha que nem fala ou exprime sentimento. Feliz dela não ter cérebro ou coração. Pois bem, acordei esperando por ela. Foi muito pior saber de sua intenção, porque até agora o coitado do estômago tem solicitado fôlego. Entretanto, essa manifestação de ansiedade era algo a ser declarado, no mínimo, como suspeito. Se bem que eu nunca fiz questão de discordar visualmente de meu estado emocional. Palavras são ótimas para definir posições, demonstrar pensamentos, mas são insuficientes para garantir adesões mais profundas. Quantas vezes não dei “bom dia” só pelo automatismo? Quantas vezes neguei querendo admitir? A rua tem virado uma grande arena. Está cada vez mais difícil encarar os rostos suspensos. Se fosse possível nem tiraria os óculos escuros, só os compromissos ainda têm autoridade. Então, tomo uma xícara de chá. Descobri no Medicina de A a Z que erva-doce e hortelã são plantinhas com propriedades calmantes. Não custa nada misturá-las, vai que dá certo. A televisão, a luz, a música, os papéis. Tudo incomoda. Nem mesmo as Songs For The Death têm graça. Pensando bem, para quem anda desidratando pelos olhos, o título está deveras sugestivo.

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