12 de fev. de 2008

O Mundo e seus Negócios

Eu quero ver é quem não se torna menos interessante a partir do instante em que se convence de sê-lo. Porque a alma despretensiosa, que exala o perfume da inocência, nutre-se exatamente da não-percepção de sua atmosfera envolvente. Não falo aqui de pobres mentes iludidas, com suas respectivas sabedorias tiradas de livros, bastante cortejadas em círculos sociais pelo seu grau de erudição, cá entre nós, possivelmente dos mais arrogantes. Mas o que seriam dos leiteiros, jardineiros e afins sem seu completo desleixo voluptuoso para consigo próprio? Ora, não haveria mais adultério. Aliás, não sei bem porque essa ligação tão generosa com os prestadores de serviços. O fato é que há fetiche e isso faz das pequenas necessidades do cotidiano um nicho de mercado muito mais produtivo em tempos de globalização. Afinal, a economia precisa girar. Basta um canteirinho com umas três folhas de hortelã e duas margaridas sorridentes de pretexto para que mais um telefonema seja feito em prol do comércio. As madames, com aspecto de finesse e inteligência mas que no fundo não são nenhum e nem outro, me causam desconfiança de seus gostos. Aquele papo de chique, moderno e polido é apenas fachada para esconder um desejo ardente de cair no gozo de um suor bem escorrido, estilo fetuticcini Al Carcioffini, com direito a rolo de esticar e tudo mais. Enquanto isso o maridão engata três dias de viagens a trabalho, bastante trabalho. Tanto trabalho que a sua secretária opera em exclusidade ao seu dispor, fazendo tudo o que ele pede. E ela faz, direitinho. Nada que não possa ser encoberto com um almoço no fim de semana com a sogra. Cartão de crédito, advogado, pensão. Ora, vamos fazer esse mundo girar.

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