16 de out. de 2007

Crise de Ansiedade

Quanto mais eu puder esquecer, melhor. Já andei conversando cá com meus botões temendo o futuro. Estão todos orientados a imitar defunto ao primeiro sinal da grande onda. E assim permaneçam as íris, os cristalinos e os cílios. Com prudência diante do estrondoso mar, da imensa covardia dos percalços da vida. Presenteia e toma, sem dó nem piedade. De fato, era pra eu esquecer mesmo. Aliás, nesse momento eu não deveria nem saber escrever, mas o signo da intranqüilidade cutuca a paz resguardada. Nunca houve uma tão perversa. Por isso as cordas não vibram. A viola não toca uma só melodia aprazível para [en]cantar a alma. Ela serve de ombro amigo para ouvir suspiros de apreensão. Se as incertezas garantissem certa estabilidade, meus devaneios gozariam de graciosa liberdade. E a austeridade com a qual me julgo todo dia, seria apenas mais um ato involuntário. Todo dia lembro involuntariamente do que eu preciso esquecer. Afinal, dois corpos não querem se distanciar quando seus corações estão bem próximos. Por enquanto, isso me basta.