13 de set. de 2007

Velhos Novos Tempos

O padre falou que eu estava errado, que a hóstia era o corpo do salvador e o dízimo, um ato de grande benevolência. Achei por bem apenas ouvir. Enquanto isso, na cabeça, passava um filme dos tempos de eucaristia, da época em que fugia da missa para jogar bola.
Acordar cedo, ir pra eucaristia, gravar rezas, assistir à missa e perder a pelada era prejuízo demais para uma pobre alma de nove anos, já que o assunto era prioridade. Ainda hoje aprecio jogar pela rua. Ainda costumo comer as mesmas coisas que aprendi a gostar quando criança.
Só depois de ver o velho Nelson comentar foi que parei para prestar atenção. E não é mesmo! Se as crianças são livres e felizes mesmo sendo coagidas, imagine se o mundo lhes desse de presente boa parte da sabedoria logo a partir do primeiro berro? Meu pai, depois de analisar minuciosamente um dos primeiros exames, estava confiante. “Nossa, doutô, acho que meu filhinho vai nascer com uma baita duma lapa! Já vejo os amigos de faculdade o chamando de tripé”. Logo em seguida o ilustre corrige, “Que isso, meu caro! Isso aí que o senhor está vendo no ultrassom é só o cordão umbilical”.